O resgate das vítimas das explosões em cooperativa de Palotina, no oeste do Paraná, terminou na segunda-feira (31). Agora, os esforços da polícia estão focados em esclarecer o que causou a tragédia.
O acidente aconteceu na tarde da última quarta-feira (26) e matou nove trabalhadores. Onze pessoas ficaram feridas; sete seguem internadas em hospitais. O corpo do trabalhador haitiano Wicken Celestin foi o último a ser localizado, após cerca de 120 horas de buscas.
Peritos acreditam que o epicentro da explosão foi entre os barracões 3 e 4 da cooperativa. A Polícia Científica está usando tecnologia 3D e raios laser, que conseguem captar imagens de locais que ainda geram risco, para entender a dinâmica e os impactos do que aconteceu.
Após confirmar o resgate do corpo de Celestin na segunda, a cooperativa disse que vai se concentrar em auxiliar as autoridades a identificar as causas do acidente.
Na área onde ocorreram as explosões ficam quatro armazéns de milho e soja. O transporte dos grãos, dos secadores para os armazéns, é feito por esteiras em túneis subterrâneas.
O doutor em Engenharia Agrícola Adriano Afonso Lima, professor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), explica que o grão de milho é altamente inflamável. De acordo com o especialista, a poeira formada pelos grãos pega fogo com mais facilidade em um ambiente fechado como os túneis de grãos, como se fosse um gás.
Para o professor, mecanismos de segurança podem evitar acidentes como o registrado na cooperativa. Os trabalhadores que morreram na explosão faziam a limpeza do túnel.
Testemunhas foram ouvidas
O delegado de Polícia Civil Rodrigo Batista está à frente das investigações e pretende concluir o inquérito em até 30 dias. Ele afirmou nesta segunda que está levantando dados com relação às condições de trabalho dos funcionários.
Testemunhas já foram ouvidas. Mais de 30 pessoas devem ser ouvidas nos próximos dias. Segundo Batista, entre elas estão vítimas feridas, familiares e representantes da cooperativa.
“Aguardamos também os laudos periciais do instituto de criminalística que serão de suma importância para corroborar e nortear a investigação e, com isso, ao final do inquérito chegar à elucidação bem clara do ocorrido e se houve ou não responsabilidades de condutas a serem imputadas", afirma.
De acordo com o delegado, a investigação está levantando dados sobre condições de trabalho dos funcionários. Segundo ele, o gerente de segurança e medicina do trabalho da empresa afirmou que todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e treinamentos aos funcionários estavam em dia.
"Já temos uma linha de investigação, principalmente na qualificação e treinamento desses funcionários. Sabemos que é um trabalho que tem risco e, com isso, normas têm que ser cumpridas", afirmou Batista.
Conforme o delegado, todas as documentações exigidas foram entregues pela empresa, inclusive alvará dos bombeiros, em princípio todos regulares. A apuração agora é para saber se houve falha mecânica e de quem é a responsabilidade por todos os danos.