O Ministério Público do Trabalho de Cascavel (MPT) abriu um inquérito civil para investigar eventuais responsabilidades na série de explosões que resultou em oito mortes na cooperativa C. Vale, em Palotina, no oeste do Paraná.
Um trabalhador identificado como Mackenson Murat está desaparecido desde quarta-feira (26). Segundo o Corpo de Bombeiros, a vítima está soterrada embaixo de 10 mil toneladas de grãos de milho.
Neste sábado (29), equipes do Corpo de Bombeiros trabalharam durante a madrugada com o auxílio de cães farejadores e equipamentos especiais.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), 8 pessoas estão internadas em hospitais. Em nota, a C.Vale disse que colabora com as forças de segurança.
Conforme o órgão, a investigação vai tentar descobrir se houve irregularidade por parte da empresa na hora do incidente.
"O MPT investigará aspectos relacionados à regularidade dos trabalhadores vitimados pela explosão no silo", diz a nota.
Em nota ao g1, a C. Vale disse que os colaboradores que morreram eram contratados de forma temporária no período da safra dos grãos. "São trabalhadores com visto de trabalho e carteira de trabalho".
Disse ainda que os trabalhadores passam por treinamento e treinamentos obrigatórios de segurança e de operação.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral de Toledo (Sintomege), Civaldo Martins Lima, os estrangeiros são contratados conforme a Lei.
"Quando eles [haitianos] chegam no Brasil, eles são todos documentados. Todos legalizados. Só vão à empresa treinados e orientados pelo sindicato. Todos têm direitos e garantias trabalhistas", disse.
Morte de um trabalhador em 2021
Em 2021, o trabalhador Alexson Gomes Moreira, de 40 anos, morreu após cair em um silo que armazena soja em uma cooperativa de Umuarama, na região noroeste do Paraná, enquanto fazia a limpeza do local.
O incidente gerou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o MPT e a cooperativa C. Vale em março de 2023.
Em um das cláusulas, a empresa foi obrigada a pagar R$ 150 mil em indenização por danos morais coletivos.
Segundo o documento, o valor será destinado ao financiamento de "projetos sociais de interesse da coletividade local”.
A parcela estava prevista em 10 de julho deste ano. Conforme a empresa, o TAC está sendo cumprido.