Os caminhoneiros de Curitiba e região metropolitana aderiram à mobilização nacional da categoria e promoveram na manhã deste sábado (30) um protesto em resposta ao pronunciamento do presidente Jair Bolsonato na rede social Facebook, há dois dias. A intenção dos caminhoneiros é que as reivindicações sejam atendidas, caso contrário, sinalizam para uma nova greve, em maio.
A concentração dos trabalhadores aconteceu na BR-116, no bairro Tatuquara, em Curitiba, em frente a fábrica da Milli. Eles seguiram pela Linha Verde até o Trevo do Atuba, aderindo mais caminhões ao longo do trecho. A ‘caminhonata’ foi antecipada à Polícia Rodoviária Federal (PRF), que disponibilizou duas viaturas para acompanhar o protesto.
Durante o pronunciamento do presidente, a política de preços da Petrobras foi um dos pontos citados, com a ampliação de 15 dias para novos anúncios de valores, o cartão-caminhoneiro e também a promessa de mais medidas. No entanto, a falta de propostas e prazos concretos deixou a categoria ainda mais irritada, convocando a manifestação em diversas capitais do país.
O representante da categoria, caminhoneiro Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, disse à Banda B que o cartão-caminhoneiro, anunciado pelo presidente, não estanca os problemas dos trabalhadores. “A categoria esperava que o Governo anunciasse uma redução no preço dos combustíveis até que se comece a fiscalizar a lei do piso mínimo 13.703. Mas, não. Simplesmente disse que vai fazer um cartão Petrobras para a categoria poder abastecer nos postos BR, mas a pergunta que nós fazemos é: vamos abastecer nos postos BR mais barato, claro que o caminhoneiro vai abastecer nesses locais, mas e as outras redes? A Shell, a Ipiranga, as bandeiras brancas? Esse povo vai fechar os postos, vão quebrar, falir por causa de uma atitude assim do presidente? Não concordamos, não necessitamos de um cartão. Necessitamos que ele reduza o preço do óleo diesel que subiu demais desde o início desse ano”, garantiu.
Críticas
Dedeco também criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro que – segundo ele – mudou depois de eleito. “A categoria esperava mais firmeza do presidente porque, antes da eleição, ele mesmo criticou a política de preço da Petrobras. Ele gravou um vídeo, disse que era um crime o preço subir todo dia. Agora ele tem a caneta na mão, poderia revogar esse decreto da política de preço, mas ele simplesmente veio com essa de cartão. Esperávamos que o presidente tivesse um pouquinho mais de firmeza e cumprisse com as promessas de campanha. Noventa porcento da categoria votou nele, fez campanha e tudo, agora acontece isso?”, indaga Dedeco.
Entre as principais queixas, a ausência de fiscalização do frete mínimo é que mais prejudica o orçamento dos caminhoneiros. “Não tem efetiva fiscalização da ANTT. Ao emitir a carta frete tem que haver um dispositivo impedindo que a transportadora faça, caso não esteja pagando o mínimo do frete. Hoje, tem carregamento no Rio Grande do Sul, por exemplo, quando chega no posto fiscal, não interessa se foi pago o mínimo ou não, o posto te cobra o ICMS sobre o valor da tabela do mínimo. Ou seja, eles reconhecem que é lei, mas não é feita uma fiscalização para que seja cumprida”, critica o representante da categoria.
Para a Banda B, Dedeco garantiu que pode acontecer uma nova greve. “Hoje é um alerta para o Governo, se ele não tomar providência, quando fizer um ano, dia 21 de maio, vamos reunir a categoria e parar de novo”, finalizou.
Protesto
Com faixas indicando as principais causas – fiscalização de frete mínimo e redução do óleo diesel – os caminhoneiros cantaram o Hino Nacional, antes de iniciar a caminhonata. A saída aconteceu às 11h50 e a chegada ao trevo do Atuba por volta das 13 horas. O trânsito não sofreu interdições totais.