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Explosões que mataram dez pessoas em cooperativa de Palotina completam um mês
Outras dez ficaram feridas na tragédia em Palotina. 700 toneladas de grãos ainda precisam ser retiradas da área atingida. Polícia Civil aguarda laudos da perícia para finalizar investigações do caso.
Por G1 | Postado em: 27/08/2023 - 10:43

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A tragédia na cooperativa C.Vale em Palotina, no oeste do Paraná, completou um mês neste sábado (26). A série de explosões registradas no dia 26 de julho em um silo de grãos provocou a morte de dez pessoas e deixou outras dez gravemente feridas.

A RPC teve acesso exclusivo ao local onde ocorreu o acidente e divulgou imagens de como está o espaço. O cenário é de destruição: telhado e ferros retorcidos, paredes destruídas. 

O prejuízo total ainda não foi calculado. A conta será fechada após o término da remoção das estruturas prejudicadas.

De acordo com a cooperativa, um mês depois, ainda há 700 toneladas de soja e milho para serem retiradas dos armazéns. Os grãos estão sendo levados para outras unidades da C.Vale.

O advogado da cooperativa, Carlos Araúz, afirma que o trabalho de remoção ainda deve levar cerca de três meses. Máquinas especiais foram trazidas do Rio de Janeiro para a operação.

"Como a retirada é feita por cima das estruturas, em algumas situações é necessária análise de risco", informa a C.Vale.

As investigações ainda não foram concluídas. O delegado da Polícia Civil Rodrigo Baptista afirma que aguarda laudos da perícia para concluir o inquérito.

"A princípio serão dois laudos: um de local e de morte, que vai apontar onde cada corpo estava as condições de cada vítima, e o segundo laudo, de engenharia, sobre a explosão: o que ocasionou a explosão, quais elementos que levaram aquele fato a ocorrer", explica o delegado.

Luto 

Dez pessoas morreram e outras dez ficaram feridas na tragédia.

Entre os mortos, a maior parte era do Haiti. Veja abaixo quem são as vítimas que morreram nas explosões:

  • Wicken Celestin – 55 anos (haitiano);
  • Alfred Lesperance – 44 anos (haitiano);
  • Michelet Louis - 41 anos (haitiano);
  • Jean Michee Joseph – 29 anos (haitiano);
  • Jean Ronald Calix – 27 anos (haitiano);
  • Donald ST Cyr – 24 anos (haitiano);
  • Eugênio Metelus – 53 anos (haitiano);
  • Reginald Gefrard – 30 anos (haitiano);
  • Saulo da Rocha Batista – 53 anos (brasileiro);
  • Francisca dos Santos - 33 anos (brasileira).

Edrice Monjoie, primo de Wicken que mora em Palotina, era um dos poucos familiares que estavam no sepultamento.

"O pai dele todo dia tá chorando, a mãe dele também tá chorando, a mulher tá chorando", relatou. 

Marcas em quem ficou 

Os sobreviventes também vivem o luto. Sandra de Souza é mãe de Weliton de Souza Dutra, jovem de 22 anos que ficou ferido nas explosões.

Ele passou 13 dias internado em um hospital de Londrina, no norte do Paraná, e está tratando os ferimentos e o trauma com medicamentos e acompanhamento.

Segundo Sandra, falar sobre o acidente é difícil para o jovem, mesmo entre a família.

"Eu queria saber certinho detalhes, peço para ele, às vezes ele baixa [a cabeça], ele meio que fica lembrando. Ele conta um pouco, aí ele desvia um pouco, é bem complicado, eu acho, para ele falar sobre esse assunto. Ele procura entender ainda porque aconteceu, porque os amigos morreram. [...] No lugar que ele correu estava caindo tudo, ele teve que dar meia volta. Não enxergava nada porque tinha muita poeira, muita fumaça. [...] Aí ele fala assim: 'Ainda bem que eu corri pro lado certo'", afirma a mãe da vítima.

Atualmente, Weliton está passando uma temporada com a mãe no Mato Grosso do Sul, na casa da avó.

Ele deve voltar ao Paraná em breve para consulta médica - mas o retorno ao trabalho ainda não tem previsão.

"Ele está com muito medo, ele disse que não quer voltar pra trabalhar naquele lugar, não", diz Sandra.

O que diz a C.Vale 

A cooperativa C.Vale disse que está prestando apoio às vítimas e que os familiares estão recebendo uma ajuda mensal de R$ 2 mil.

Há cerca de 20 dias, a Justiça também mandou a cooperativa pagar "imediatamente" verbas trabalhistas às famílias dos trabalhadores que morreram nas explosões.

O advogado da cooperativa, Carlos Araúz, garante que as verbas foram pagas.

"As indenizações dependem de outros fatos que passam pelo Judiciário", afirma.

A série de explosões foi registrada em um silo da cooperativa e flagrada por câmeras de segurança.

A primeira aconteceu em um dos secadores de grãos. O fogo se alastrou e outros três secadores explodiram na sequência.

O capitão Rodrigues, do Corpo de Bombeiros, explicou que parte das vítimas estavam em um túnel que interliga os armazéns do silo na hora das explosões.

"As vítimas estavam no subsolo, nesse túnel, e a estrutura veio abaixo por conta da explosão", explicou ele, na época do acidente.

Moradores da região afirmaram que sentiram o tremor causado pelas explosões. Um vídeo gravado pela câmera de segurança da moradora Daniele Satiro registrou três barulhos de explosões sequenciais.

Nas imagens, é possível ver, também, a janela da casa tremendo em uma das explosões. A moradora contou que mora a cerca de um quilômetro da C.Vale.

Há relato de tremores em casas a cerca de 8 quilômetros de distância da cooperativa.

 

 

 
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