Mais um talento da nossa região começa a despontar no cenário nacional. Na última semana, a atleta Aline Cristina Bergmann, de Entre Rios do Oeste, foi convocada pela Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE), que tem parceria com a CBF, para ser uma das 18 jogadoras que irão defender o Brasil nos Jogos Mundiais Escolares – a Gymnasíade sub-15, evento promovido pela Federação Internacional do Desporto Escolar (ISF), que irá ocorrer entre os dias 11 e 19 de setembro, na cidade de Belgrado, na Sérvia.
Com um talento notável desde que deu seus primeiros chutes na escolinha de Entre Rios do Oeste, Aline se transferiu aos 11 anos para Toledo, aonde defendeu por quatro anos as cores do Afeto (Associação dos Amigos e Atletas do Futsal e Futebol Feminino de Toledo), equipe que é referência no trabalho de base com meninas de futsal e futebol, e também o Colégio Atilio Fontana, onde se destacou em várias edições dos Jogos Escolares Bom de Bola. O sucesso precoce levou Aline a ser chamada para atuar no time sub-16 do Internacional, de Porto Alegre, atual campeão brasileiro da categoria, onde se apresentou no mês de maio.
“Comecei a jogar bola aos cinco anos na escolinha de Entre Rios. Joguei com os meninos até 11 anos, quando a Salete (Dallanol, técnica do Afeto) me viu jogando, entrou em contato com meus pais e deu certo para vir jogar em Toledo. Aqui fui artilheira dos campeonatos paranaenses em 2018 e 2019, campeã e atleta destaque dos Jogos Escolares Bom de Bola. Ganhei muitos títulos e ajudei o Afeto e crescer em número de troféus conquistados. Ano passado recebi o convite para jogar pelo Inter, foi algo inesperado, mas fiquei muito feliz, era um sonho de criança se concretizando, e estou lá até hoje. E na semana passada veio a notícia da convocação da seleção escolar”, resume Aline sobre sua ainda breve, mas já vitoriosa carreira.
De férias no Inter, Aline segue seus treinamentos em Toledo, “para não ficar parada”, antes da apresentação ao técnico da seleção brasileira David Junior, que também comanda o Inter sub-16, dia 1º de setembro, em São Paulo.
Pivô nas quadras e atacante no futebol, Aline sempre teve uma ligação próximo com o gol.
“Tenho como característica principal a arrancada em velocidade, gosto de ter a bola e ir para cima da defesa adversária”, define, citando seu ídolo no esporte. “Minha grande inspiração no futebol feminino, com certeza, é a Marta, me espelho muito nela”, se referindo à camisa 10 da seleção brasileira e eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo.
Promessa de gols das ‘Gurias Coloradas’ nas próximas competições sub-16 e com toda a carreira que promete ser brilhante pela frente, Aline já pode se considerar uma jogadora realizada por vestir a camisa de uma potência do futebol brasileiro e integrar a seleção com apenas com 15 anos, pela primeira vez, logo em uma competição tão importante. “É um sonho realizado representar o Inter, um time tão grande. É espetacular e ao mesmo tempo inexplicável poder vestir a camisa colorada, sou muito feliz por poder estar lá. Assim como ir para o Inter, ser chamada para a seleção é a realização de outro sonho que achava estar muito distante, mas aconteceu muito rápido na minha vida e muito ante do que imaginava. Quero representar o Brasil da melhor forma possível, de preferência trazendo o título para cá, e vamos com tudo para conseguir isso”, relata.
Alcançar o sucesso como atleta, ainda na adolescência, sem uma base familiar forte, é praticamente impossível. E Aline faz questão de destacar a importância dos pais Antonio e Ana Maria nessa jornada.
“Meus pais sempre me apoiaram, fizeram tudo o que podiam e também o que não podiam por mim, viram todo o meu amadurecimento e foram fundamentais para eu chegar até aqui, agradeço tudo a eles”, menciona.
Além do suporte dos pais, Aline sempre teve ao seu lado, desde seus primeiros gols na escolinha de Entre Rios, a professora, e hoje amiga pessoal, Joceli Schmitt, a Joce, que demonstra todo o orgulho de ter contribuído na formação da jovem craque entrerriense. “É um satisfação muito grande ver a Aline se destacando. Já víamos um diferencial nela, sempre foi uma menina muito batalhadora, centrada nos objetivos. Sempre falo que eu tinha uma ‘briga’ com ela, batíamos de frente desde pequenininha, ela era sempre tinhosa. Acabei cedendo um pouco para não limitar ela nas questões técnicas e táticas dentro de quadra e também fazer ela entender que não podia deixar muito solta, e isso gerou uma relação de muito respeito e uma amizade muito grande. Sempre que ela vem a Entre Rios me procura, trocamos ideias, conversamos, e mesmo depois que ela foi para Toledo e depois para o Inter sempre mantivemos contato com ela e a família, fazendo esse acompanhamento”, comenta.
Além de instrutora de esportes na prefeitura de Entre Rios do Oeste, Joce trabalha como personal trainer e sempre que possível auxilia Aline nas atividades de preparação física, o que acaba as aproximando ainda mais. “Ela passou por um momento delicado com uma lesão, e como sou personal e trabalho em uma academia aqui em Entre Rios acabei fazendo a preparação física dela enquanto estava de férias e também a pré-temporada antes de ir para o Inter, então sempre acompanhei bem de perto a trajetória dela”, lembra Joce, que aposta em um futuro promissor da atleta. “Ela tem perfil para estar aonde chegou hoje. A família é muito participativa no meio esportivo e isso é também um diferencial. Não tínhamos meninas suficientes para montar um time feminino em Entre Rios, mas não podíamos deixar de explorar o potencial dela, e acabou indo para Toledo, onde se destacou e agora está no Internacional e na seleção brasileira. Tenho certeza que ela vai mais longe ainda”, destaca a professora, que segue dando treinos de futsal para crianças do município.
E quem também viu os primeiros chutes de Aline nas quadras de Entre Rios foi João Amadeu Salla, o Russo, personagem muito conhecido no meio esportivo regional. Atualmente secretário de Esportes da cidade, Russo também aposta suas fichas no sucesso da artilheira. “A Aline tem no DNA um potencial fantástico para o futebol, e trouxe a garra e a determinação que os pais, pessoas muito batalhadoras, têm, e essa é a receita para o sucesso, com empenho e vontade as coisas acontecem”, expõe. “Ela deu os primeiros passos aqui, e chegou o momento que Entre Rios não tinha mais o que oferecer a ela, e ir para Toledo foi a decisão mais acertada. A professora Salete faz um trabalho muito bom lá, e ela conseguiu aparecer nas competições e crescer, o talento não tem como segurar. O Inter viu, gostou e levou para lá, e às vezes o destino parece conduzir a pessoa. O técnico da seleção é o mesmo do Inter, e ele deu prioridade para as atletas que ele tem conhecimento, que sabe que podem render, e Aline está entre elas”, avalia.
Para o secretário, o destaque alcançado por Aline pode contribuir para o surgimento de novos talentos na cidade e região. “O fato dela ter alcançado essa projeção, mesmo sendo muito nova, acredito que vá motivar mais crianças, não só de Entre Rios, mas de outras cidades, que acabam se espelhando, através do esforço e dedicação, buscar seu espaço também”, frisa Russo, antecipando a concretização de uma parceria que o município está fazendo com o Coritiba.
“Essa convocação da Aline vem em um momento muito interessante. Estamos fechando uma parceria com a escolinha do Coxa, e vamos oferecer a oportunidade para que mais atletas, através dessa parceria, possam mostrar seus talentos, e isso aumenta a motivação. Ela abriu um caminho, isso é uma vitrine para as demais crianças e esperamos que esse trabalho possa render bons frutos”, considera.
Técnico de Antonio, pai de Aline, quando ambos defendiam as cores de Entre Rios em competições regionais no passado, Russo também faz questão de demonstrar o orgulho por ver Aline despontando no cenário nacional. “Embora talvez não tenhamos uma influência tão grande, nós, enquanto secretaria, fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, então é um orgulho ver ela se destacar não apenas como atleta, mas também evoluindo como pessoa. Então esse seu crescimento, entendendo e conhecendo o mundo e ainda se destacar como atleta, para nós da secretaria é uma alegria muito grande. Para mim, pessoalmente, fico muito feliz por toda a família, com que tenho uma relação muito boa, desde quando o pai dela foi meu atleta na juventude”, finaliza.