Autoridades paraguaias anunciaram, na manhã de ontem, quinta-feira 03 de setembro de 2020, mais um confronto com o Exército do Povo Paraguaio (EPP), quando duas soldadas do “terrível exército” foram mortas pela Força Tarefa Comum (FTC), uma unidade criada para enfrentar o EPP, formada por setores policiais e Forças Armadas.
A primeira divulgação relatava um “grande feito” da FTC e o presidente da República, Mário Abdo Benítez, chegou a fazer um elogio ao trabalho de sua equipe, logo em seguida foi até o local do confronto onde postou uma foto com uma arma na cintura. Mas, ao correr do dia o que parecia ser um ato de heroísmo do governo Paraguaio, passou a ser uma grande covardia, que poderá render um escândalo internacional.
Tudo porque, segundo denúncias que estão pipocando nos meios de comunicação paraguaio, as duas integrantes do “perigoso EPP”, não passam de duas meninas argentinas, de 11 e 12 anos, que estavam na zona de confronto visitando parentes.
Logo após o confronto, o governo paraguaio disse que as militantes do EPP tinham 15 e 18 anos. Mas, ao longo do dia, descobriu-se que eram crianças. Mais grave ainda: depois da execução, os comandantes viram o tamanho da ‘burrada” e tentaram esconder o crime: vestiram as duas com fardas do EPP e enterraram os corpos logo em seguida, alegando perigo de contágio do novo coronavírus.
A advogada Daisy Irala foi uma das primeiras a vir a público denunciar o “engano” e afirmou que uma das meninas tem 11 e a outra irá completar 12 anos e que foram executadas pela FTC. De acordo com a advogada, uma delas é filha da advogada Myriam Villalba, que nesta quinta-feira a contactou contando sobre a morte das duas meninas.
“Ela só me disse que é filha dela, não sei se são as duas filhas dela ou apenas uma, mas a outra de qualquer forma seria filha de outra irmã dela, pode ser filha da Laura. A única coisa que me pediram é que, por favor, é que recuperemos os corpinhos das criaturas", disse ele em conversa com a emissora C9N.
A advogada disse que duas meninas são de nacionalidade argentina, de acordo com as fotos e documentação que possui. “Não há possibilidade de que tenham feito qualquer tipo de confronto, aquelas meninas de 11 anos não podem carregar sequer um fuzil, não podem sair por aí enfrentando nenhum grupo de soldados”, comentou Irala.
Identidade
A advogada afirmou que as identidades da falecida são María Carmen Villalba, nascida em Clorinda, Província de Formosa, Argentina, em 5 de fevereiro de 2009, e Lilian Mariana Vilalba, nascida em 28 de outubro de 2008. A advogada disse entender que Lilian Mariana Villalba é uma das filhas de Myriam Villalba, que tem quatro filhas.
O confronto ocorreu na cidade de Yby Yaú, no Departamento de Concepción, onde o EPP costumar praticar seus crimes. Os corpos das crianças foram retirados da Fazenda Paraíso.
“Enterraram-no em menos de duas horas não seguindo o protocolo Covid-19, como falaram, porque as crianças não morreram em nenhum hospital e nem há suspeita de doença. Enterraram para encobrir a atrocidade que cometeram, para encobrir a execução extrajudicial que cometeu este Governo, os militares apoiados pelo Executivo”, disse um advogado.